março 10, 2019

O IGNORANTE RACIONAL


O IGNORANTE RACIONAL

"O Eleitor médio brasileiro olha primeiramente para sua renda e emprego antes de tomar a decisão de voto.  A situação econômica e política do país ficam em segundo plano.
                   Marcus André Melo - Cientista político

Nas eleições de 2014 o cenário do Brasil era:
 Juros altos, inflação lá em cima, dívida pública, balança comercial desfavorável,  os principais indicadores pioraram em 2014, e muitos eleitores parecem alheios à deterioração do cenário econômico.
A explicação, segundo o cientista político Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é que as eleições são definidas, em grande parte, pelo chamado "ignorante racional". "É um eleitor para quem a palavra macroeconomia não faz o menor sentido", explica. "Ele faz um cálculo racional de sua situação salarial e profissional. E, dentro de suas limitações, seu voto é coerente", afirma.

Segundo Melo, a deterioração econômica só afeta as intenções de voto quando o desemprego aumenta. Isso ocorre, segundo o cientista político, porque falta ao eleitor a noção do chamado 'cálculo intertemporal'. Como o eleitorado médio não conhece profundamente como funcionam as políticas públicas, tampouco pode julgar sua sustentabilidade através do tempo. "A única forma de adquirir essa consciência de tempo é por meio da educação. Essa também é a única maneira de permitir que os eleitores confrontem as informações passadas pelos candidatos na propaganda eleitoral", afirma. 

Ou seja, eles não se preocupam com o que acontecerá se um governo incompetente, corrupto entrar no poder, pois não querem saber se a economia está deteriorando e os principais indicadores mostrando um futuro incerto.

  Vamos ler como os especialistas discorrem sobre esse tema:
Mancur Olson, celebrado professor de Economia na Universidade de Maryland e autor de numerosos trabalhos,“ a ignorância racional dos eleitores – e, portanto das maiorias – conduz à noção de que essas maiorias, por vezes, não estão bens conscientes de quais são os seus verdadeiros interesses. Podem por isso ser vítimas de espoliações de que não se apercebem. Podem ficar convencidas, através de argumentos superficialmente plausíveis, de que uma determinada política corresponde ao interesse da maioria, ou mesmo da sociedade no seu conjunto, quando na realidade ela só serve alguns interesses especiais. Quando temos ocasião de considerar os incentivos que animam determinados grupos de interesses especiais é que nos apercebemos de que este problema é muito sério.”

 Douglass North, professor de Economia na Universidade de Washington e Prémio Nobel de Economia, salienta a importância do mesmo conceito entre os principais condicionantes da Economia:
“A ignorância racional do eleitor não é só um “chavão” da literatura relativa a opções públicas. Não só o eleitor pode não adquirir nunca a informação que lhe permita ficar, ainda que só vagamente, esclarecido sobre a miríade de propostas que poderão afetar o seu bem-estar, como também não haverá forma de o mesmo eleitor (ou mesmo o legislador) poder alguma vez dispor de modelos econômicos que lhe permitam ponderar as respectivas consequências.



OziOE

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